Prefeitura e pescadores apostam na parceria para viabilizar construção de plataformas públicas
Estimativas da Fundação Ambiental do Município de Araranguá (FAMA) e da Prefeitura indicam a existência de mais de 2,5 mil pescadores que mantenham o hábito de praticar essa atividade no Rio Araranguá. Essas pessoas, no entanto, não escondem sua preocupação com a decisão do Ministério Público Federal (MPF) de Criciúma de proibir a prática da pescaria no efluente que corta o território da principal cidade do extremo sul catarinense. Isso pode acontecer já a partir do dia 12 de outubro, quando se esgota o prazo de 120 dias estipulado pelo MPF para que seja apresentada uma solução para o problema. O Judiciário entende que a pesca tem ocasionado danos à preservação ambiental no entorno do rio.
Os pescadores, por outro lado, defendem-se alegando que a imensa maioria deles sabe respeitar a natureza e pratica a pesca como hobby. Em alguns casos isso ocorre em diferentes gerações das famílias. O prefeito Sandro Maciel confidenciou que nasceu no bairro Barranca, localizado às margens do Rio Araranguá e lembra com saudade dos tempos em que seus pais e avós ali pescavam. “Desejo que a pesca continue liberada, mas também quero a preservação do nosso meio ambiente. Precisamos dialogar para encontrar um meio termo”, salientou.
A pesca como remédio
Exemplos de pessoas que se dedicam à pesca para melhorar a qualidade de vida não faltam. O casal de gaúchos Élia Lúcia Herckert Borges e Arnaldo Borges, de 64 e 73 anos, respectivamente, revela que a pesca mudou suas vidas. “Pescamos aqui quase todos os dias há mais de cinco anos. Isto é uma terapia. Aqui convivemos com a natureza, cultivamos amizades e encontramos entretenimento”, diz Élia.
Já, o esposo Arnaldo considera o grupo de pescadores uma grande família. “Quando aposentei-me custei a adaptar-me à nova realidade. Estava acostumado com o ritmo intenso do trabalho. Tive problemas de depressão. Foi através da pesca que reagi. Hoje, essa atividade faz parte do meu cotidiano”, confidenciou.
O casal, que possui residência no bairro Coloninha, em Araranguá, disse que não consegue imaginar ficar longe da pesca. “Estamos apreensivos. O Arnaldo estava com dificuldades para caminhar. Desde que iniciou com as pescarias foi recuperando sua autoestima. Hoje está renovado, animado e falante”, comentou dona Élia.
Citando recursos
Conscientes da recomendação do MPF, pescadores, Prefeitura de Araranguá, FAMA e Polícia Militar Ambiental de Maracajá promovem reuniões junto às comunidades pesqueiras para tentar encontrar uma solução ao problema. “Por enquanto, a sugestão mais viável é a construção de seis plataformas públicas, cujo custo totaliza aproximadamente R$ 300 mil. O município se dispõe a contribuir com várias ações, mas hoje não possui condição financeira de arcar com tamanho investimento”, observa o prefeito Sandro Maciel. O Executivo inclusive já assumiu as despesas consequentes da elaboração do projeto das plataformas feito pela UNESC.
A expectativa é que durante as reuniões, os pescadores formem comissões para representar a categoria e, entre outras funções, trabalhem para viabilizar os recursos. Dois encontros mobilizando os pescadores já ocorreram nas comunidades de Canjicas e Volta Curta. Aproximadamente 120 pessoas participaram dos debates.
A próxima reunião será realizada nessa terça-feira, dia 29, no Centro Comunitário de Rio dos Anjos, a partir das 19h. Será mais uma oportunidade para mobilizar a categoria e escutar orientações da FAMA e Polícia Militar Ambiental. A PMA, aliás, convoca os pescadores para que compareçam nessa sexta-feira, dia 25, entre 8h30 e 12h, na sede da instituição, localizada junto ao Parque Ecológico de Maracajá, a fim de que formalizem o recadastramento. O procedimento é gratuito e obrigatório.